Cairo Trindade parece um mestre Samurai. Quieto, silencioso, observador, pontuando de forma incisiva e aguda. Depois de anos escrevendo para jornais, revistas e TVs, queria me aventurar no ofício de escritor. Como seu aluno, fui sendo moldado sem quase perceber. Cairo ia retirando os lugares comuns, as frases repetitivas, o excesso de advérbios, adjetivos e outros qualitativos, eliminando metáforas chulas — tinha sempre de ter alguma poesia —, enfim, deixando o texto depurado de bobagens e vícios que trazemos quase como reflexo pavloviano. Cairo só não nos concede o talento. Seria demais. Mas, ao tornarmo-nos mais profissionais, abrimos espaço para o talento aflorar. Arigatô, mestre Samurai.